01 dezembro 2015

Munus mortem porcus MMXV

10:40

Caros confrades, 

Escrevo esta minha rubrica não na condição de presidente da Academia Madeirense das Carnes/Confraria Gastronómica da Madeira (cargo que deixei de exercer após o XV Capítulo), mas sim e simplesmente na condição de confrade fundador desta associação cultural e gastronómica da Região Autónoma da Madeira. Por esta razão as minhas opiniões não têm vinculação obrigatória à actual direção da Confraria Gastronómica da Madeira.

Caros confrades e amigos, em 2015 a direção da confraria madeirense teve a coragem de reorganizar no plano interno a Confraria. Desvinculou ou aceitou a desvinculação de 82 confrades passando de 117 confrades efetivos/número para 35, estando incluídos neste último número os elementos entronizados no XV Capítulo. E finalmente aceitou a minha demissão passando a Confraria a ser dirigida por uma Comissão Diretiva.

No plano nacional, em 2015, a confraria madeirense contribuiu para a defesa e evolução do movimento confrádico nacional, assinou um protocolo de geminação e de intercâmbio com a Confraria dos Vinhos Transmontanos e foi madrinha da Real Confraria da Cebola, criada em Portugal Continental. 
Participou em vários eventos confrádicos e quase na totalidade das Assembleias da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas. 
Aceitou fazer parte dos órgãos diretivos da FPCG para o triénio 2016-2018, esteve na linha da frente na defesa da captura do Peixe Xara-branca ou Gata (bacalhau de Câmara de Lobos), na dieta e gastronomia atlântica. Participou activamente na defesa e promoção da Sidra da Madeira, realizou 11 eventos gastronómicos na Região Autónoma da Madeira e o seu XV Capítulo, que teve lugar no fim de Abril de 2015, teve a duração de 4 dias.

Houve muitos propósitos que a confraria aspirava ou idealizou concretizar durante o ano que está prestes a finalizar mas não o conseguiu. No entanto, deu corpo a outros projectos que não tinham sido pensados e acabou por realizá-los. 
Tem um bom relacionamento com a Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, com as Câmaras Municipais de Câmara de Lobos, Funchal, Porto Moniz, Calheta e com outros organismos públicos. No aspecto de relações internacionais, participou em três Capítulos de Confrarias na Bélgica, num "Panelo" na cidade de Londres, em dois Capítulos de Confrarias Italianas, em 6 Capítulos de Confrarias de Espanha, tendo um destes Capítulos se realizado na Catalunha e que penso ser a Confraria da Madeira a 1.ª confraria Portuguesa a marcar presença nesta região de Espanha.
A confraria da Madeira foi também a 1ª confraria portuguesa a receber no seu Capítulo uma comitiva da Suíça e uma Ordem da República Eslováquia. E foi, igualmente, a 1ª confraria Portuguesa a ser convidada e a estar presente num evento da 'EurópskyVinársky Rytiersky Stav' que se realizou na República da Eslováquia. A confraria madeirense participou em três Capítulos de confrarias e de uma Ordem Suíças. 
No total e apenas em 2015, a Academia Madeirense das Carnes/Confraria Gastronómica da Madeira participou em 56 Capítulos / Eventos Confrádicos realizados fora da Região Autónoma Madeira.

Congratulo-me com o sucesso que a actual direção da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas e a sua presidente, Olga Cavaleiro, obteve em 2015. O vídeo transmitido nos voos da TAP, a declaração do Dia da Gastronomia Nacional, as publicações das Confrarias no Semanário "Sol" merecem os meus aplausos. 
No entanto, discordo que os artigos sobre as confrarias publicadas no semanário "Sol" tivessem todos eles sido assinados pela presidente da FPCG, porque acredito e começando pela AMC/CGM que todas as Confrarias têm capacidade de escrever e assinar o respectivo texto.

Sou da opinião de que a existência da FPCG é de máxima importância para o movimento confrádico nacional, para as Confrarias e para defesa da herança cultural gastronómica de Portugal. No entanto defendo de que sem as Confrarias não existiria a Federação e que esta está, por isso, obrigada a respeitar as Confrarias e a não querer transformar a FPCG numa "Liga Portuguesa de Futebol Profissional".

Após as Assembleias Gerais da FPCG há sempre alguns confrades que questionam as razões da ausência das "grandes Confrarias Portuguesas". Mas será que uma Confraria que falta constantemente às Assembleias Gerais da Federação, que ajudou a fundar, pode ser considerada uma grande confraria?
Igualmente será verdade que existem Confrarias Federadas que têm comportamentos hostis para com a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas. Penso que não! O que poderá acontecer, ou acontece muitas vezes, é uma falha de comunicação entre a direção da FPCG e as respetivas direções de algumas Confrarias. É necessário melhorar esta comunicação pois, reconhecendo a importância da FPCG para o movimento confrádico nacional e internacional, não posso igualmente deixar de reconhecer que as Confrarias de uma forma individual e particular são igualmente instituições de máximo valor e fundamentais para a defesa da herança cultural gastronómica e baquica de Portugal. É, como tal, necessário reconhecer de que a FPCG não foi criada para substituir as funções das Confrarias mas sim para promover a união e a projeção do movimento confrádico nacional.
      
Tendo em consideração de que no ano de 2015 a Academia Madeirense das Carnes/Confraria Gastronómica da Madeira foi referenciada na comunicação social regional, nacional e internacional por 70 vezes, isto é mais do que uma vez por semana, não compreendo a quase ou total ausência da FPCG neste meio de máxima importância para a sua imagem e para a defesa da herança cultural gastronómica portuguesa, das suas regiões e das Confrarias. 

Como é de conhecimento geral, Portugal tem duas línguas oficiais: o Português e o Mirandês. É igualmente importante reconhecer que Portugal é possuidor de duas gastronomias e dietas distintas: a Mediterrânica e a Atlântica. Embora diferentes e sendo ambas ricas e saudáveis, ao falar da gastronomia Portuguesa a FPCG terá que ter em consideração este aspeto. 

Confesso que fui consultado para manifestar a minha opinião sobre a recandidatura da Sr.ª Olga Cavaleiro. E a minha opção foi de aconselhar aos actuais responsáveis da AMC/CGM a apoiar a respetiva candidatura, acreditando no entanto de que a próxima direção da FPCG será mais coletiva e menos unicamente a Sr.ª Olga Cavaleiro.

Há uns anos atrás a Academia Madeirense das Carnes/Confraria Gastronómica da Madeira defendeu a ideia da criação, no espaço geográfico da Macaronesia (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde), da FICIA - Federação Internacional das Confrarias das Ilhas do Atlântico. E informo de que tenho conhecimento de que este projeto será posto em execução já em 2016.

A Academia Madeirense das Carnes/Confraria Gastronómica da Madeira sempre assumiu-se como uma confraria regionalista. No entanto, é igualmente defensora do estabelecimento de relações de amizade e de intercâmbio com confrarias nacionais e ou internacionais.

Terminado este meu texto, na qualidade de um simples confrade, desejo que este princípio continue por muitos anos na vida da Confraria que acredito que será longa.


Com os melhores cumprimentos, 
Gregório J.S.Freitas


(Dezembro de 2015)

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